Transtorno Bipolar

O que é?

O Transtorno Bipolar, classificado no CID-11 como 6A60, é um transtorno do humor caracterizado por oscilações entre episódios de mania ou hipomania (elevação anormal do humor e energia) e episódios depressivos (humor deprimido, baixa energia e desesperança). Essa alternância pode impactar significativamente a vida da pessoa, afetando seus relacionamentos, trabalho e rotina diária.

O transtorno geralmente se manifesta entre os 15 e 25 anos, podendo ser desencadeado por fatores genéticos, neuroquímicos e ambientais, como estresse intenso ou eventos traumáticos recorrentes.

Critérios diagnósticos (CID-11 – 6A60)

Para o diagnóstico, a pessoa deve apresentar sintomas persistentes e episódicos de alteração do humor, impactando sua funcionalidade e bem-estar. O CID-11 classifica a condição em diferentes tipos:

1. Transtorno Bipolar Tipo I (6A60.0)

  • Pelo menos um episódio maníaco, com duração mínima de uma semana, causando prejuízo significativo na vida da pessoa.
  • Pode ou não incluir episódios depressivos.
  • Pode envolver sintomas psicóticos, como delírios ou alucinações.

Sintomas do episódio maníaco:

  • Energia e atividade aumentadas de forma anormal.
  • Sentimento de grandiosidade ou autoestima inflada.
  • Redução da necessidade de sono.
  • Pressão para falar e pensamentos acelerados.
  • Impulsividade em gastos, relacionamentos ou decisões arriscadas.

2. Transtorno Bipolar Tipo II (6A60.1)

  • Presença de pelo menos um episódio hipomaníaco e um episódio depressivo maior.
  • A hipomania é semelhante à mania, mas com menor intensidade e duração (pelo menos quatro dias), sem sintomas psicóticos.

3. Transtorno Ciclotímico (6A60.2)

  • Oscilações frequentes de humor entre sintomas hipomaníacos e depressivos leves, por pelo menos dois anos (ou um ano em adolescentes).
  • Não atende aos critérios para episódios completos de mania, hipomania ou depressão maior.

Diferente dos outros tipos de transtorno bipolar, a ciclotimia apresenta variações de humor mais rápidas, que podem ocorrer ao longo do dia. Isso significa que a pessoa pode sentir-se eufórica ou muito ativa em um momento e, horas depois, apresentar sintomas depressivos, como desânimo e desesperança. Essas mudanças, embora não sejam tão intensas quanto as da bipolaridade tipo I ou II, afetam a estabilidade emocional e podem comprometer a vida social e profissional.

O que é importante saber?

O Transtorno Bipolar tem forte predisposição genética, mas sua manifestação depende de fatores ambientais e neuroquímicos. Estudos apontam que eventos de estresse crônico e exposição prolongada ao cortisol podem desencadear o primeiro episódio, especialmente em pessoas com histórico familiar da doença.

Além disso, o Transtorno Bipolar pode ser confundido com mudanças de humor normais ou até mesmo com outros transtornos, levando a diagnósticos tardios. Muitas pessoas passam anos sendo tratadas para depressão antes de um episódio hipomaníaco ou maníaco ser identificado.

Como tratar?

O tratamento do Transtorno Bipolar é essencialmente multidisciplinar e foca na estabilização do humor. As abordagens incluem:

  • Psicoeducação – entender o transtorno ajuda a prevenir recaídas e manejar sintomas.
  • Estabilizadores de humor – como lítio, ácido valproico ou lamotrigina, que ajudam a regular as oscilações.
  • Antipsicóticos – podem ser usados em casos de episódios maníacos graves ou sintomas psicóticos.
  • Antidepressivos – devem ser administrados com cautela, pois podem induzir a mania se usados isoladamente.
  • Psicoterapia de Terceira Geração – estratégias focadas na regulação emocional, aceitação e desenvolvimento da flexibilidade psicológica. As abordagens mais eficazes incluem:
    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – auxilia na reestruturação de pensamentos disfuncionais e na prevenção de recaídas.
    • Terapia do Esquema (TE) – foca na identificação e modificação de padrões emocionais e cognitivos profundos, especialmente em pessoas que passaram por traumas ou têm dificuldades na regulação emocional.
    • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) – ajuda a lidar com pensamentos e emoções difíceis sem evitar ou se perder neles, promovendo uma vida mais significativa.
  • Rotina e hábitos saudáveis – sono regular, alimentação equilibrada e técnicas de manejo do estresse são fundamentais para reduzir crises.

A adesão ao tratamento é essencial para a estabilidade emocional e a qualidade de vida da pessoa.

Não confunda com…

O Transtorno Bipolar pode ser confundido com outros transtornos, especialmente com o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH – CID-11: 6A05). Ambos podem apresentar impulsividade, dificuldade de concentração e mudanças emocionais, mas há diferenças fundamentais:

  • No Transtorno Bipolar, as mudanças de humor ocorrem em episódios distintos, que podem durar semanas ou meses, e há períodos de estabilidade entre eles.
  • No TDAH, as variações emocionais são mais curtas e reativas ao ambiente, sem episódios prolongados de mania ou depressão.

Além disso, os transtornos podem coexistir, tornando o diagnóstico mais desafiador. Muitas pessoas com TDAH não tratado podem desenvolver sintomas bipolares ao longo da vida, especialmente se enfrentarem estresse crônico ou eventos traumáticos repetitivos.

Outro diagnóstico diferencial importante é com transtornos de personalidade, como o Transtorno Borderline (6D10), que também pode apresentar mudanças intensas de humor, mas de forma reativa a acontecimentos interpessoais e sem a presença de episódios distintos.

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