TPB - Transtorno da Personalidade Borderline
O que é?
O Transtorno da Personalidade Borderline (TPB), classificado no CID-11 como 6D10, é um transtorno de personalidade caracterizado por instabilidade emocional intensa, medo de abandono, impulsividade e dificuldades nos relacionamentos interpessoais.
Pessoas com TPB experimentam emoções extremas e instáveis, alternando rapidamente entre sentimentos de idealização e rejeição nos relacionamentos. A dificuldade em regular essas emoções pode levar a comportamentos impulsivos e autodestrutivos, causando sofrimento significativo.
Critérios diagnósticos (CID-11 – 6D10)
Para o diagnóstico de TPB, a pessoa deve apresentar um padrão persistente de instabilidade emocional e comportamental, que afeta sua identidade e suas relações interpessoais, manifestando-se em pelo menos três dos seguintes aspectos:
- Instabilidade intensa e reatividade emocional, com oscilações de humor frequentes e dificuldade em regular emoções.
- Medo extremo de abandono, levando a esforços intensos para evitar a rejeição, mesmo que imaginada.
- Padrões instáveis em relacionamentos, alternando entre idealização e desvalorização das pessoas.
- Impulsividade em pelo menos duas áreas da vida (gastos, sexo, alimentação, uso de substâncias, automutilação).
- Raiva intensa e dificuldade em controlá-la, resultando em explosões emocionais desproporcionais.
- Sentimento crônico de vazio, acompanhado por uma identidade instável.
- Comportamentos autodestrutivos ou suicidas, incluindo automutilação e tentativas de suicídio.
Os sintomas devem ser persistentes, causar sofrimento significativo e impactar a vida social, profissional ou outras áreas importantes.
O que é importante saber?
O TPB não é simplesmente uma "personalidade difícil", mas sim um transtorno associado a uma dificuldade biológica e psicológica na regulação emocional. Pessoas com Borderline sentem as emoções de forma mais intensa e demoram mais tempo para retornar ao equilíbrio.
Duas das principais causas associadas ao desenvolvimento do TPB são:
- Fatores genéticos – Há evidências de predisposição hereditária para a desregulação emocional e impulsividade.
- Eventos traumáticos e ambiente invalidante – Situações de abuso, negligência ou ambientes familiares instáveis durante a infância podem comprometer o desenvolvimento da regulação emocional e da autoimagem.
Esses fatores podem desregular o eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal), levando a uma resposta ao estresse mais intensa e prolongada. Isso faz com que a pessoa com TPB reaja de forma mais extrema a frustrações e rejeições, aumentando a sensação de vulnerabilidade emocional.
Outro ponto importante é que o TPB pode melhorar ao longo do tempo. Com tratamento adequado e suporte emocional, muitas pessoas desenvolvem estratégias para regular suas emoções e construir relações mais estáveis.
Como tratar?
O tratamento do Transtorno Borderline foca na regulação emocional, na estabilização da impulsividade e no fortalecimento da identidade. As abordagens mais eficazes incluem:
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Psicoterapia de Terceira Geração, com destaque para:
- Terapia do Esquema (TE) – ajuda a identificar padrões emocionais desadaptativos e modificar crenças disfuncionais sobre si mesmo e os outros.
- Terapia Dialética-Comportamental (TDC) – específica para TPB, trabalha habilidades de regulação emocional, tolerância ao estresse e melhora dos relacionamentos interpessoais.
- Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – auxilia na reestruturação de pensamentos impulsivos e na redução de comportamentos autodestrutivos.
- Técnicas de mindfulness e regulação emocional – estratégias que ajudam a reduzir a reatividade emocional e a impulsividade.
- Medicação (quando necessária) – estabilizadores de humor, antidepressivos ou antipsicóticos atípicos podem ser usados para auxiliar no controle dos sintomas.
O tratamento deve ser individualizado e, muitas vezes, requer um suporte contínuo para ajudar a pessoa a desenvolver maior estabilidade emocional.
Não confunda com…
O Transtorno da Personalidade Borderline pode ser confundido com outros transtornos que envolvem instabilidade emocional e impulsividade, como:
- Transtorno Bipolar Tipo I e II (CID-11: 6A60) – No TPB, as oscilações de humor são reativas a eventos interpessoais, ocorrendo em questão de horas ou dias. No Transtorno Bipolar, há episódios distintos de mania, hipomania ou depressão que duram semanas ou meses, independentemente de interações interpessoais.
- Transtorno Ciclotímico (CID-11: 6A60.2) – No TPB, as mudanças de humor são intensas, impulsivas e geralmente ligadas a relacionamentos e situações emocionais. Na ciclotimia, há variações de humor frequentes, mas mais sutis e contínuas, sem o mesmo grau de reatividade interpessoal. Pessoas com ciclotimia tendem a ter oscilações de humor ao longo do dia, mas sem explosões emocionais típicas do TPB.
- Transtornos depressivos e ansiosos – Embora a depressão e a ansiedade sejam comuns no TPB, no transtorno depressivo os sintomas são mais persistentes e independentes de relacionamentos interpessoais.
- Transtornos dissociativos – O TPB pode ter sintomas dissociativos ocasionais (como despersonalização e desrealização), mas não a ponto de caracterizar um transtorno dissociativo primário.