TDM - Transtorno Depressivo Maior

O que é?

O Transtorno Depressivo Maior (TDM), classificado no CID-11 como 6A70, é um transtorno do humor caracterizado por humor deprimido persistente, perda de interesse ou prazer e sintomas físicos e cognitivos que comprometem o funcionamento diário.

A depressão pode afetar a forma como a pessoa pensa, sente e se comporta, tornando tarefas simples do dia a dia mais difíceis. Os sintomas variam em intensidade e podem impactar diversas áreas da vida, como trabalho, relacionamentos e autocuidado.

Critérios diagnósticos (CID-11 – 6A70)

Para o diagnóstico de Transtorno Depressivo Maior, a pessoa deve apresentar pelo menos cinco dos seguintes sintomas por um período mínimo de duas semanas, sendo que um dos sintomas deve ser humor deprimido ou perda de interesse/prazer:

  • Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias.
  • Perda de interesse ou prazer em atividades anteriormente apreciadas.
  • Alterações no apetite ou no peso (perda ou ganho significativo sem intenção).
  • Insônia ou sono excessivo quase todos os dias.
  • Fadiga ou perda de energia constante.
  • Dificuldade de concentração ou sensação de pensamento mais lento.
  • Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva.
  • Agitação ou lentificação psicomotora (inquietação ou movimentos mais lentos do que o normal).
  • Pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida ou planejamento suicida.

Os sintomas devem causar sofrimento significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida.

O que é importante saber?

A depressão não é o mesmo que tristeza. Sentir-se triste diante de perdas ou frustrações faz parte da experiência humana e tende a diminuir com o tempo. No entanto, no Transtorno Depressivo Maior, os sintomas persistem independentemente de eventos externos e impactam profundamente a vida da pessoa.

Entre os fatores que contribuem para o desenvolvimento da depressão, os mais relevantes são:

  • Fatores genéticos – A predisposição genética pode aumentar a vulnerabilidade à depressão, especialmente quando combinada com eventos estressantes ou traumáticos.
  • Eventos traumáticos e estresse crônico – Abuso, negligência, perdas significativas e experiências de grande impacto emocional podem desregular o eixo HPA (hipotálamo-hipófise-adrenal), o principal sistema do organismo responsável pelo manejo do estresse. Quando esse eixo está desregulado, há um aumento persistente na liberação de cortisol, o hormônio do estresse, afetando regiões do cérebro ligadas à regulação emocional, como o hipocampo e a amígdala. Essa hiperativação pode levar a dificuldades na recuperação emocional, favorecendo a instalação da depressão.

Além disso, a depressão pode se manifestar de diferentes formas. Algumas pessoas apresentam mais sintomas físicos, como fadiga intensa e dores no corpo, enquanto outras sentem mais impacto no pensamento e na motivação.

Como tratar?

O tratamento do Transtorno Depressivo Maior deve ser personalizado e pode envolver:

  • Psicoterapia de Terceira Geração – abordagens que ajudam na reestruturação cognitiva, na regulação emocional e no enfrentamento de traumas. As mais eficazes incluem:
    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – trabalha os padrões de pensamento negativos e ajuda na reestruturação cognitiva.
    • Terapia do Esquema (TE) – foca em padrões emocionais profundos que contribuem para a depressão, especialmente em pessoas com dificuldades na autoestima e autovalidação.
    • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) – auxilia a lidar com a dor emocional sem resistência ou evitação, promovendo ações alinhadas com valores pessoais.
  • Medicação (quando necessário) – antidepressivos, como inibidores da recaptação de serotonina (ISRS) e noradrenalina, podem ajudar a regular o humor e a energia.
  • Estilo de vida e rotina estruturada – prática regular de exercícios físicos, exposição à luz solar, sono adequado e alimentação equilibrada são essenciais no tratamento da depressão.
  • Regulação do estresse – técnicas como mindfulness e respiração diafragmática ajudam a reduzir a ativação do sistema de alerta e melhoram a regulação emocional.

O acompanhamento profissional é essencial para definir a melhor abordagem para cada pessoa.

Não confunda com…

O Transtorno Depressivo Maior pode ser confundido com outros quadros clínicos, como Transtornos Mistos de Ansiedade e Depressão (CID-11: 6B20). Embora ambos apresentem sintomas depressivos e ansiosos, há diferenças importantes:

  • No TDM, a tristeza e a perda de interesse são predominantes, enquanto a ansiedade pode estar presente, mas não é o foco principal.
  • Nos Transtornos Mistos de Ansiedade e Depressão, há um equilíbrio entre sintomas ansiosos e depressivos, sem que um deles seja claramente predominante.

Além disso, a depressão pode ser confundida com:

  • Transtorno Bipolar (CID-11: 6A60) – No TDM, não há episódios de mania ou hipomania. Se houver períodos de euforia ou energia excessiva, pode ser um indicativo de Transtorno Bipolar.
  • Burnout – O esgotamento profissional pode se parecer com depressão, mas está mais relacionado ao estresse prolongado e melhora ao afastar-se da situação desgastante.
  • Transtorno da Personalidade Borderline (CID-11: 6D10) – Pessoas com Borderline podem apresentar episódios depressivos, mas suas oscilações emocionais são mais intensas e reativas a acontecimentos interpessoais.
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