TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade

O que é?

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), classificado no CID-11 como 6A05, é um transtorno do neurodesenvolvimento caracterizado por dificuldades persistentes de atenção, impulsividade e, em alguns casos, hiperatividade. Embora seja mais frequentemente diagnosticado na infância, pode persistir na adolescência e na vida adulta, afetando o desempenho acadêmico, profissional e os relacionamentos.

Critérios diagnósticos (CID-11 – 6A05)

Para ser diagnosticado com TDAH, a pessoa deve apresentar sintomas persistentes e inadequados para a idade, que resultem em prejuízo funcional significativo.

O CID-11 reconhece três apresentações:

1. Apresentação predominantemente desatenta (6A05.0)

A pessoa apresenta pelo menos seis dos seguintes sintomas de desatenção:
• Dificuldade em manter o foco em tarefas ou atividades prolongadas.
• Propensão a cometer erros por descuido.
• Parece não escutar quando falam diretamente com ela.
• Dificuldade em seguir instruções e concluir tarefas.
• Problemas com organização e planejamento.
• Tendência a evitar ou procrastinar tarefas que exigem esforço mental.
• Perda frequente de objetos importantes.
• Distração fácil com estímulos externos.
• Esquecimento frequente de compromissos ou obrigações.

2. Apresentação predominantemente hiperativa-impulsiva (6A05.1)

A pessoa apresenta pelo menos seis dos seguintes sintomas de hiperatividade e impulsividade:
• Agitação constante (movimentação das mãos/pés, inquietação).
• Dificuldade em permanecer sentado por períodos prolongados.
• Sensação interna de inquietação.
• Fala excessiva, dificuldade em esperar sua vez para falar.
• Impulsividade na tomada de decisões.
• Tendência a interromper os outros ou se intrometer em conversas.
• Impaciência extrema em filas ou em situações que exigem espera.

3. Apresentação combinada (6A05.Z)

Quando a pessoa apresenta seis ou mais sintomas de ambos os grupos (desatenção e hiperatividade-impulsividade), o diagnóstico é classificado como TDAH combinado.

Os sintomas devem estar presentes desde a infância e causar prejuízo significativo em diferentes áreas da vida, como trabalho, estudos e relacionamentos.

O que é importante saber?

Embora o TDAH tenha uma base genética, isso não significa que ele se manifestará em todas as pessoas predispostas. A epigenética desempenha um papel fundamental: o ambiente influencia diretamente a expressão dos genes ligados ao transtorno.

Um dos principais fatores envolvidos é a exposição prolongada ao cortisol, o hormônio do estresse. Ambientes com níveis elevados de estresse afetam o desenvolvimento cerebral, impactando a regulação emocional e o controle inibitório. Isso significa que uma criança geneticamente predisposta pode ter um desenvolvimento atencional mais estável em um ambiente estruturado, enquanto outra, exposta a adversidades constantes, pode desenvolver sintomas mais intensos.

No adulto, o TDAH pode se manifestar de forma diferente da infância. Em vez de hiperatividade física, pode haver inquietação interna, dificuldades na gestão do tempo, na organização e na regulação emocional, o que pode ser confundido com impulsividade emocional ou ansiedade.

Como tratar?

O tratamento do TDAH é individualizado e pode incluir:
• Psicoeducação – compreender o transtorno é essencial para lidar melhor com os desafios.
• Terapia cognitivo-comportamental (TCC) – auxilia no desenvolvimento de estratégias para organização, impulsividade e autorregulação emocional.
• Medicação – estimulantes, como metilfenidato e anfetaminas, são frequentemente indicados para regular os neurotransmissores dopamina e noradrenalina. Em alguns casos, antidepressivos podem ser utilizados.
• Adaptações ambientais – mudanças na rotina, uso de lembretes visuais e estratégias de organização podem melhorar a funcionalidade no dia a dia.

Não confunda com…

O TDAH pode ser confundido com outras condições, principalmente com o Transtorno Bipolar (CID-11: 6A60), pois ambos podem envolver impulsividade, mudanças emocionais intensas e dificuldades de atenção. No entanto, há diferenças importantes:
• No TDAH, os sintomas são contínuos e surgem desde a infância. As mudanças emocionais são mais reativas ao ambiente e ocorrem ao longo do dia, sem episódios prolongados de euforia ou depressão.
• No Transtorno Bipolar, os sintomas ocorrem em episódios distintos, alternando entre fases de mania (euforia intensa, insônia, impulsividade extrema) e depressão profunda.

Embora sejam transtornos diferentes, o TDAH e o Transtorno Bipolar podem coexistir, dificultando o diagnóstico. A bipolaridade geralmente surge entre os 15 e 25 anos, muitas vezes após exposição a estresse persistente ou eventos dolorosos. Isso reforça a importância de uma avaliação cuidadosa para diferenciar os transtornos e definir um tratamento adequado.

 

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