TAG - Transtorno de Ansiedade Generalizada

O que é?

O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), classificado no CID-11 como 6B00, é caracterizado por preocupação excessiva e incontrolável sobre diversas áreas da vida, mesmo quando não há razões objetivas para tanto. Essa preocupação vem acompanhada de tensão física, dificuldade de relaxar e sintomas cognitivos de alerta constante, afetando o bem-estar e a funcionalidade da pessoa.

Embora qualquer pessoa possa ter períodos de ansiedade devido a eventos pontuais ou estressantes, no TAG, a ansiedade persiste diariamente por pelo menos seis meses e causa sofrimento significativo.

Critérios diagnósticos (CID-11 – 6B00)

Para o diagnóstico de TAG, a pessoa deve apresentar ansiedade excessiva e preocupação desproporcional em várias áreas da vida, por seis meses ou mais, acompanhada de pelo menos três dos seguintes sintomas:

  • Inquietação ou sensação de nervosismo constante.
  • Fadiga (cansaço frequente, mesmo sem esforço físico intenso).
  • Dificuldade de concentração ou sensação de mente "desligada".
  • Irritabilidade (sensação de tensão e reatividade emocional).
  • Tensão muscular (dores no corpo, rigidez nos ombros, pescoço ou mandíbula).
  • Distúrbios do sono (dificuldade para adormecer, sono leve ou acordar cansado).

Os sintomas devem ser persistentes, causar sofrimento significativo e interferir na vida da pessoa.

O que é importante saber?

A ansiedade não é, por si só, um transtorno – ela é um mecanismo natural e essencial para a sobrevivência. Quando bem regulada, a ansiedade nos ajuda a lidar com desafios e a evitar riscos. No entanto, no TAG, esse sistema de alerta se torna desregulado, disparando sinais de perigo constantemente, mesmo quando não há ameaças reais.

Essa desregulação pode ser influenciada por diversos fatores:

  • Eventos estressantes ou traumáticos: experiências difíceis podem tornar o cérebro mais sensível a ameaças.
  • Predisposição genética e epigenética: algumas pessoas têm maior tendência a respostas ansiosas, mas o ambiente pode modular essa expressão.
  • Alterações neuroquímicas: desequilíbrios nos sistemas de serotonina, noradrenalina e GABA estão associados ao TAG.
  • Estresse crônico: a exposição prolongada a altos níveis de cortisol pode comprometer a regulação emocional e aumentar a sensação de alerta constante.

Além disso, muitas pessoas com TAG relatam a sensação de "não conseguir desligar a mente", mesmo em momentos de descanso. Isso pode levar à exaustão emocional e contribuir para sintomas físicos, como dores de cabeça, problemas gastrointestinais e palpitações.

Como tratar?

O tratamento do TAG envolve abordagens combinadas para regular a resposta ansiosa:

  • Psicoterapia de Terceira Geração – estratégias focadas na regulação emocional, aceitação e redução do sofrimento psicológico. As abordagens mais eficazes incluem:
    • Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) – trabalha as distorções cognitivas e ajuda a pessoa a modificar padrões de pensamento ansiosos.
    • Terapia do Esquema (TE) – auxilia na identificação de padrões emocionais profundos que perpetuam a ansiedade.
    • Terapia de Aceitação e Compromisso (ACT) – ensina a lidar com os pensamentos ansiosos sem se prender a eles, reduzindo a evitação experiencial.
  • Técnicas de regulação emocional – exercícios de respiração, mindfulness e estratégias para reequilibrar a ativação fisiológica da ansiedade.
  • Atividade física e rotina saudável – práticas regulares ajudam a reduzir os níveis de estresse e a estabilizar o humor.
  • Medicação (quando necessário) – ansiolíticos e antidepressivos (como inibidores da recaptação de serotonina) podem ser indicados para modular a resposta ansiosa, especialmente em casos mais graves.

A abordagem ideal varia para cada pessoa e deve ser personalizada para atender suas necessidades individuais.

Não confunda com…

O TAG pode ser confundido com outros transtornos, especialmente com Transtornos Mistos de Ansiedade e Depressão (CID-11: 6B20). Ambas as condições compartilham sintomas de preocupação excessiva, fadiga e insônia, mas há diferenças importantes:

  • No TAG, a preocupação excessiva é o sintoma central, com inquietação e tensão constantes, mesmo sem tristeza intensa.
  • Nos Transtornos Mistos de Ansiedade e Depressão, há uma combinação de sintomas ansiosos e depressivos, mas nenhum dos dois é dominante o suficiente para caracterizar um TAG puro ou um Transtorno Depressivo Maior.

Outra diferença importante está na resposta emocional:

  • Pessoas com TAG tendem a estar sempre em alerta, com medo do futuro e sensação de perda de controle.
  • Pessoas com transtornos depressivos apresentam mais desânimo, apatia e sensação de desesperança em relação ao futuro.

Além disso, o TAG pode ser confundido com Transtorno do Pânico (6B01) e Transtorno de Ansiedade Social (6B04), que também envolvem ansiedade intensa, mas ocorrem em contextos mais específicos (como medo de ataques de pânico ou de interações sociais).

Voltar para o blog

Deixe um comentário

Os comentários precisam ser aprovados antes da publicação.